domingo, 9 de fevereiro de 2014

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A XXIX JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

Domingo de Ramos, 13 de Abril de 2014

"Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu" (Mt 5, 3)

Queridos jovens, 

Permanece gravado na minha memória o encontro extraordinário que vivemos no Rio de Janeiro, na XXVIII Jornada Mundial da Juventude: uma grande festa da fé e da fraternidade. A boa gente brasileira acolheu-nos de braços escancarados, como a estátua de Cristo Redentor que domina, do alto do Corcovado, o magnífico cenário da praia de Copacabana. Nas margens do mar, Jesus fez ouvir de novo a sua chamada para que cada um de nós se torne seu discípulo missionário, O descubra como o tesouro mais precioso da própria vida e partilhe esta riqueza com os outros, próximos e distantes, até às extremas periferias geográficas e existenciais do nosso tempo.

A próxima etapa da peregrinação intercontinental dos jovens será em Cracóvia, em 2016. Para cadenciar o nosso caminho, gostaria nos próximos três anos de refletir, juntamente convosco, sobre as Bem-aventuranças que lemos no Evangelho de São Mateus (5, 1-12). Começaremos este ano meditando sobre a primeira: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 5, 3); para 2015, proponho: «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8); e finalmente, em 2016, o tema será: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7).

1. A força revolucionária das Bem-aventuranças

É-nos sempre muito útil ler e meditar as Bem-aventuranças! Jesus proclamou-as no seu primeiro grande sermão, feito na margem do lago da Galileia. Havia uma multidão imensa e Ele, para ensinar os seus discípulos, subiu a um monte; por isso é chamado o «sermão da montanha». Na Bíblia, o monte é visto como lugar onde Deus Se revela; pregando sobre o monte, Jesus apresenta-Se como mestre divino, como novo Moisés. E que prega Ele? Jesus prega o caminho da vida; aquele caminho que Ele mesmo percorre, ou melhor, que é Ele mesmo, e propõe-no como caminho da verdadeira felicidade. Em toda a sua vida, desde o nascimento na gruta de Belém até à morte na cruz e à ressurreição, Jesus encarnou as Bem-aventuranças. Todas as promessas do Reino de Deus se cumpriram n’Ele. 

Ao proclamar as Bem-aventuranças, Jesus convida-nos a segui-Lo, a percorrer com Ele o caminho do amor, o único que conduz à vida eterna. Não é uma estrada fácil, mas o Senhor assegura-nos a sua graça e nunca nos deixa sozinhos. Na nossa vida, há pobreza, aflições, humilhações, luta pela justiça, esforço da conversão quotidiana, combates para viver a vocação à santidade, perseguições e muitos outros desafios. Mas, se abrirmos a porta a Jesus, se deixarmos que Ele esteja dentro da nossa história, se partilharmos com Ele as alegrias e os sofrimentos, experimentaremos uma paz e uma alegria que só Deus, amor infinito, pode dar. 

As Bem-aventuranças de Jesus são portadoras duma novidade revolucionária, dum modelo de felicidade oposto àquele que habitualmente é transmitido pelos mass media, pelo pensamento dominante. Para a mentalidade do mundo, é um escândalo que Deus tenha vindo para Se fazer um de nós, que tenha morrido numa cruz. Na lógica deste mundo, aqueles que Jesus proclama felizes são considerados «perdedores», fracos. Ao invés, exalta-se o sucesso a todo o custo, o bem-estar, a arrogância do poder, a afirmação própria em detrimento dos outros. 

Queridos jovens, Jesus interpela-nos para que respondamos à sua proposta de vida, para que decidamos qual estrada queremos seguir a fim de chegar à verdadeira alegria. Trata-se dum grande desafio de fé. Jesus não teve medo de perguntar aos seus discípulos se verdadeiramente queriam segui-Lo ou preferiam ir por outros caminhos (cf. Jo 6, 67). E Simão, denominado Pedro, teve a coragem de responder: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6, 68). Se souberdes, vós também, dizer «sim» a Jesus, a vossa vida jovem encher-se-á de significado, e assim será fecunda. 

2. A coragem da felicidade

O termo grego usado no Evangelho é makarioi, «bem-aventurados». E «bem-aventurados» quer dizer felizes. Mas dizei-me: vós aspirais deveras à felicidade? Num tempo em que se é atraído por tantas aparências de felicidade, corre-se o risco de contentar-se com pouco, com uma ideia «pequena» da vida. Vós, pelo contrário, aspirai a coisas grandes! Ampliai os vossos corações! Como dizia o Beato Pierjorge Frassati, «viver sem uma fé, sem um património a defender, sem sustentar numa luta contínua a verdade, não é viver, mas ir vivendo. Não devemos jamais ir vivendo, mas viver» (Carta a I. Bonini, 27 de Fevereiro de 1925). Em 20 de Maio de 1990, no dia da sua beatificação, João Paulo II chamou-lhe «homem das Bem-aventuranças» (Homilia na Santa Missa: AAS 82 [1990], 1518).

Se verdadeiramente fizerdes emergir as aspirações mais profundas do vosso coração, dar-vos-eis conta de que, em vós, há um desejo inextinguível de felicidade, e isto permitir-vos-á desmascarar e rejeitar as numerosas ofertas «a baixo preço» que encontrais ao vosso redor. Quando procuramos o sucesso, o prazer, a riqueza de modo egoísta e idolatrando-os, podemos experimentar também momentos de inebriamento, uma falsa sensação de satisfação; mas, no fim de contas, tornamo-nos escravos, nunca estamos satisfeitos, sentimo-nos impelidos a buscar sempre mais. É muito triste ver uma juventude «saciada», mas fraca.

Escrevendo aos jovens, São João dizia: «Vós sois fortes, a palavra de Deus permanece em vós e vós vencestes o Maligno» (1 Jo 2, 14). Os jovens que escolhem Cristo são fortes, nutrem-se da sua Palavra e não se «empanturram» com outras coisas. Tende a coragem de ir contra a corrente. Tende a coragem da verdadeira felicidade! Dizei não à cultura do provisório, da superficialidade e do descartável, que não vos considera capazes de assumir responsabilidades e enfrentar os grandes desafios da vida.

3. Felizes os pobres em espírito…

A primeira Bem-aventurança, tema da próxima Jornada Mundial da Juventude, declara felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Num tempo em que muitas pessoas penam por causa da crise económica, pode parecer inoportuno acostar pobreza e felicidade. Em que sentido podemos conceber a pobreza como uma bênção?

Em primeiro lugar, procuremos compreender o que significa «pobres em espírito». Quando o Filho de Deus Se fez homem, escolheu um caminho de pobreza, de despojamento. Como diz São Paulo, na Carta aos Filipenses: «Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo e tornando-Se semelhante aos homens» (2, 5-7). Jesus é Deus que Se despoja da sua glória. Vemos aqui a escolha da pobreza feita por Deus: sendo rico, fez-Se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). É o mistério que contemplamos no presépio, vendo o Filho de Deus numa manjedoura; e mais tarde na cruz, onde o despojamento chega ao seu ápice. 

O adjectivo grego ptochós (pobre) não tem um significado apenas material, mas quer dizer «mendigo». Há que o ligar com o conceito hebraico de anawim (os «pobres de Iahweh»), que evoca humildade, consciência dos próprios limites, da própria condição existencial de pobreza. Os anawim confiam no Senhor, sabem que dependem d’Ele. 

Como justamente soube ver Santa Teresa do Menino Jesus, Cristo na sua Encarnação apresenta-Se como um mendigo, um necessitado em busca de amor. O Catecismo da Igreja Católica fala do homem como dum «mendigo de Deus» (n. 2559) e diz-nos que a oração é o encontro da sede de Deus com a nossa (n. 2560).

São Francisco de Assis compreendeu muito bem o segredo da Bem-aventurança dos pobres em espírito. De facto, quando Jesus lhe falou na pessoa do leproso e no Crucifixo, ele reconheceu a grandeza de Deus e a própria condição de humildade. Na sua oração, o Poverellopassava horas e horas a perguntar ao Senhor: «Quem és Tu? Quem sou eu?» Despojou-se duma vida abastada e leviana, para desposar a «Senhora Pobreza», a fim de imitar Jesus e seguir o Evangelho à letra. Francisco viveu a imitação de Cristo pobre e o amor pelos pobres de modo indivisível, como as duas faces duma mesma moeda.

Posto isto, poder-me-íeis perguntar: Mas, em concreto, como é possível fazer com que esta pobreza em espírito se transforme em estilo de vida, incida concretamente na nossa existência? Respondo-vos em três pontos.

Antes de mais nada, procurai ser livres em relação às coisas. O Senhor chama-nos a um estilo de vida evangélico caracterizado pela sobriedade, chama-nos a não ceder à cultura do consumo. Trata-se de buscar a essencialidade, aprender a despojarmo-nos de tantas coisas supérfluas e inúteis que nos sufocam. Desprendamo-nos da ambição de possuir, do dinheiro idolatrado e depois esbanjado. No primeiro lugar, coloquemos Jesus. Ele pode libertar-nos das idolatrias que nos tornam escravos. Confiai em Deus, queridos jovens! Ele conhece-nos, ama-nos e nunca se esquece de nós. Como provê aos lírios do campo (cf. Mt 6, 28), também não deixará que nos falte nada! Mesmo para superar a crise económica, é preciso estar prontos a mudar o estilo de vida, a evitar tantos desperdícios. Como é necessária a coragem da felicidade, também é precisa a coragem da sobriedade.

Em segundo lugar, para viver esta Bem-aventurança todos necessitamos de conversão em relação aos pobres. Devemos cuidar deles, ser sensíveis às suas carências espirituais e materiais. A vós, jovens, confio de modo particular a tarefa de colocar a solidariedade no centro da cultura humana. Perante antigas e novas formas de pobreza – o desemprego, a emigração, muitas dependências dos mais variados tipos –, temos o dever de permanecer vigilantes e conscientes, vencendo a tentação da indiferença. Pensemos também naqueles que não se sentem amados, não olham com esperança o futuro, renunciam a comprometer-se na vida porque se sentem desanimados, desiludidos, temerosos. Devemos aprender a estar com os pobres. Não nos limitemos a pronunciar belas palavras sobre os pobres! Mas encontremo-los, fixemo-los olhos nos olhos, ouçamo-los. Para nós, os pobres são uma oportunidade concreta de encontrar o próprio Cristo, de tocar a sua carne sofredora. 

Mas – e chegamos ao terceiro ponto – os pobres não são pessoas a quem podemos apenas dar qualquer coisa. Eles têm tanto para nos oferecer, para nos ensinar. Muito temos nós a aprender da sabedoria dos pobres! Pensai que um Santo do século XVIII, Bento José Labre – dormia pelas ruas de Roma e vivia das esmolas da gente –, tornara-se conselheiro espiritual de muitas pessoas, incluindo nobres e prelados. De certo modo, os pobres são uma espécie de mestres para nós. Ensinam-nos que uma pessoa não vale por aquilo que possui, pelo montante que tem na conta bancária. Um pobre, uma pessoa sem bens materiais, conserva sempre a sua dignidade. Os pobres podem ensinar-nos muito também sobre a humildade e a confiança em Deus. Na parábola do fariseu e do publicano (cf. Lc 18, 9-14), Jesus propõe este último como modelo, porque é humilde e se reconhece pecador. E a própria viúva, que lança duas moedinhas no tesouro do templo, é exemplo da generosidade de quem, mesmo tendo pouco ou nada, dá tudo (Lc 21, 1-4).

4. … porque deles é o Reino do Céu

Tema central no Evangelho de Jesus é o Reino de Deus. Jesus é o Reino de Deus em pessoa, é o Emanuel, Deus connosco. E é no coração do homem que se estabelece e cresce o Reino, o domínio de Deus. O Reino é, simultaneamente, dom e promessa. Já nos foi dado em Jesus, mas deve ainda realizar-se em plenitude. Por isso rezamos ao Pai cada dia: «Venha a nós o vosso Reino».

Há uma ligação profunda entre pobreza e evangelização, entre o tema da última Jornada Mundial da Juventude – «Ide e fazei discípulos entre todas as nações» (Mt 28, 19) – e o tema deste ano: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 5, 3). O Senhor quer uma Igreja pobre, que evangelize os pobres. Jesus, quando enviou os Doze em missão, disse-lhes: «Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o trabalhador merece o seu sustento» (Mt 10, 9-10). A pobreza evangélica é condição fundamental para que o Reino de Deus se estenda. As alegrias mais belas e espontâneas que vi ao longo da minha vida eram de pessoas pobres que tinham pouco a que se agarrar. A evangelização, no nosso tempo, só será possível por contágio de alegria. 

Como vimos, a Bem-aventurança dos pobres em espírito orienta a nossa relação com Deus, com os bens materiais e com os pobres. À vista do exemplo e das palavras de Jesus, damo-nos conta da grande necessidade que temos de conversão, de fazer com que a lógica doser mais prevaleça sobre a lógica do ter mais. Os Santos são quem mais nos pode ajudar a compreender o significado profundo das Bem-aventuranças. Neste sentido, a canonização de João Paulo II, no segundo domingo de Páscoa, é um acontecimento que enche o nosso coração de alegria. Ele será o grande patrono das Jornadas Mundiais da Juventude, de que foi o iniciador e impulsionador. E, na comunhão dos Santos, continuará a ser, para todos vós, um pai e um amigo. 

No próximo mês de Abril, tem lugar também o trigésimo aniversário da entrega aos jovens da Cruz do Jubileu da Redenção. Foi precisamente a partir daquele acto simbólico de João Paulo II que principiou a grande peregrinação juvenil que, desde então, continua a atravessar os cinco continentes. Muitos recordam as palavras com que, no domingo de Páscoa do ano 1984, o Papa acompanhou o seu gesto: «Caríssimos jovens, no termo do Ano Santo, confio-vos o próprio sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levai-a ao mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade, e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção».

Queridos jovens, o Magnificat, o cântico de Maria, pobre em espírito, é também o canto de quem vive as Bem-aventuranças. A alegria do Evangelho brota dum coração pobre, que sabe exultar e maravilhar-se com as obras de Deus, como o coração da Virgem, que todas as gerações chamam «bem-aventurada» (cf. Lc 1, 48). Que Ela, a mãe dos pobres e a estrela da nova evangelização, nos ajude a viver o Evangelho, a encarnar as Bem-aventuranças na nossa vida, a ter a coragem da felicidade

Vaticano, 21 de Janeiro – Memória de Santa Inês, virgem e mártir - de 2014




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

UM INSTITUTO PARA A JUVENTUDE

O Instituto para a Juventude é o maior legado da Jornada Mundial da Juventude, evento que marcou a cidade do Rio de Janeiro e todo Brasil, mostrando a mobilização dos jovens para o encontro com Cristo, através do Papa. O novo instituto foi idealizado pelo arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, em comunhão com todos os outros bispos e sacerdotes envolvidos na construção da JMJ Rio2013.
Trata-se de um espaço reservado para o jovem expor, aplicar e desenvolver suas ideias para um mundo melhor, cujo objetivo é a promoção, recuperação e inclusão do jovem na sociedade, através da evangelização, brindando assistência e ensinando valores e princípios éticos de um cidadão de bem, de um verdadeiro cristão. (Saiba mais em www.ijuventude.org)

UMA JUVENTUDE BEM MOTIVA, NÃO PARA

Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
“O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria.
E a graça de Deus estava com ele”
(Lc 2, 40
Uma juventude bem motivada, não para! Nessas férias muitas expressões juvenis reservaram um pouco de seu tempo para retiros, encontros, evangelização nas praias, experiências missionárias, formação; as Pastorais da Juventude realizaram seus Congressos, Assembleia, Ampliada. É a vida que continua; é a força da missão que as empolga e as convida para uma formação permanente em vista de uma atuação cada vez mais adequada aos novos tempos. Como adultos responsáveis pela juventude, não podemos deixar de parabenizar estes jovens, reconhecendo-lhes sua beleza, significatividade e singularidade na missão da Igreja na história!
Como já foi mencionado na Carta anterior, o Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil no Brasil, acontecido em dezembro, retomou as 8 Linhas de Ação do Documento 85. A partir delas, foram destacadas, então, aquelas principais Pistas de Ação que necessitam ser potencializadas pelas expressões juvenis (Congregações Religiosas, Novas Comunidades, Movimentos, Pastorais da Juventude) e pelas instâncias eclesiais (comunidades, paróquias, dioceses, regionais).
Seis expressões juvenis e Regionais da CNBB presentes no Encontro assumiram a 1ª. Linha de Ação, que aborda a questão da FORMAÇÃO INTEGRAL, como uma de suas duas prioridades para os próximos anos. As duas PISTAS DE AÇÃO referentes a esta Linha, ficaram assim redigidas:
1º. INVESTIR na Formação Integral permanente,
articulando a Rede de Institutos de Juventude e demais experiências.
2º. Aproximar e ligar a Pastoral Juvenil à CATEQUESE,
em vista da Formação Integral. 
Em síntese, esses dois pontos nos convocam ao “investimento” na proposta pedagógica de uma formação que seja integral e à atenção para que ela esteja presente na “Catequese” oferecida aos nossos adolescentes e jovens. Eles têm direito de receber de nossos ambientes e projetos, elementos que os ajudem em sua vida global e não somente em um dos aspectos dela. Bem nos recordou o Documento 85, n. 96 e 97: “O conceito de formação integral é importante paraconsiderar o jovem como um todo, evitando assim reducionismos que distorcem a proposta de educação na fé, reduzindo-a a uma proposta psicologizante, espiritualista ou politizante. [...] Quem trabalha na formação de jovens necessita estar atento às cinco dimensões: psico-afetiva, psicossocial, mística, sócio-político-ecológica e capacitação”.
Não estaríamos exagerando ao afirmar que, se nosso acompanhamento aos jovens fosse sempre adequado a todas as suas dimensões e houvesse harmonia entre elas, tudo o mais estaria praticamente resolvido. Muita coisa já se faz, mas ainda há muito chão. Eis abaixoalgumas sugestões para se colocar em prática o princípio da Formação Integral, colhidas de nossos documentos, orientações eclesiais, partilhas realizadas no Encontro de dezembro, subsídios formativos, experiências de evangelização:
  1. Conhecer (ler, estudar, debater) mais profundamente o que vem a ser a “Formação Integral” com suas várias dimensões;
  2. Averiguar quais dimensões da “Formação Integral” estão menos contempladas nos projetos e subsídios juvenis e ver como suprir esta carência;
  3. Conversar com os responsáveis pela Catequese e insistir na implantação do Processo de Iniciação à Vida Cristã, cujo conteúdo programático e dinâmica propõem falar de maneira mais clara e provocante à vida das novas gerações em suas diversas relações: consigo, com o outro, com Deus, com a Igreja, com a Sociedade, com o Mundo;
  4. Analisar se os temas “vocação” e “afetividade” vêm sendo realmente explorados na sua beleza e profundidade junto aos adolescentes e jovens, principalmente na catequese e nos grupos juvenis, e buscar formas atraentes de envolvê-los nestes assuntos contribuindo, assim, com a maturidade das relações e das opções de vida;
  5. Favorecer-lhes materiais, orientações e ocasiões que contribuam concretamente para a elaboração do Projeto Pessoal de Vida, a partir das dimensões da Formação Integral;
  6. Fazer um levantamento e usufruir de materiais e cursos disponíveis, oferecidos por organizações como Institutos de Juventude e Congregações Religiosas, que, sintonizadas com a realidade juvenil atual e as orientações da Igreja, possam contribuir com o amadurecimento das dimensões da Formação Integral;
  7. Investir em Escolas Jovens e Cursos de Liderança que trabalhem as dimensões da Formação Integral;
  8. Utilizar das redes sociais para iluminar, aprofundar e questionar os jovens que vivem neste universo midiático auxiliando-os na compreensão, acolhida e desenvolvimento das várias dimensões de sua vida;
  9. Favorecer reflexões bíblicas, principalmente passagens da vida de Jesus Cristo, que possam iluminar os jovens na sua busca de felicidade, de prazer em viver, de servir;
  10. Cuidar para que a Formação Integral seja regada tanto de aprofundamento teóricoquanto de experiência prática, que toquem à vida;
Em síntese, a orientação sobre a “Formação Integral” diz respeito a todos os ambientes e projetos eclesiais que se propõem à educação e à evangelização dos adolescentes e jovens. No fundo, todos nós deveríamos nos comprometer em avaliar nossas estruturas e propostas formativas, revitalizando-as para que sejam capazes de acolher e responder a todas as dimensões da vida desta parcela da sociedade que Deus nos confia para amar e servir, em vista de seu Reino. Neste processo, os jovens não são considerados somente destinatários de nossa missão, mas sujeitos capazes de entenderem e contribuírem com a própria formação.
Jesus, que “crescia, ficando forte e cheio de sabedoria” nos pede que oportunizemos condições de Formação Integral aos seus jovens discípulos missionários que estão sob nossos cuidados.
Maria, que contando com a graça divina acompanhou Jesus em todos os seus passos, nos auxilie nesta missão de educadores e evangelizadores das novas gerações que passeiam pelos nossos ambientes, olhos, mãos e corações.
Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB